MEU RIO (PARAÍBA)
Arethuza Viana
Tive muitas manhãs quietas na infância...
O rio Paraíba, atrás de casa,
passando lentamente
e eu sentadinha na margem ,
jogando pedrinhas na água, encantada
com os círculos pefeitos que elas faziam.
Agora, nesta manhã de dor profunda,
própria dos adultos infelizes, eu me entrego
a um sabor doce de sonhar.
Volto a ser aquela menina
de cidadezinha do interior
e me dou inteira às conversas com o meu rio.
Apesar de não falarmos nada,
nos entendíamos naquela paz profunda e linda.
Ele pressentia quando eu chegava triste,
com uma dorzinha de criança
que se sentia incompreendida e na verdade
tão mimada e tão amada.
Aí, ele corria mais docemente,
tentando não fazer barulho,
para acalentar o meu sono
e se mostrava mais bonito,
manso e dengoso se espalhava mais.
Nessa manhã de mulher
mergulhada em desamor,
eu me sinto pertinho do meu rio e fico alheia
aos desencontros que esfarelam as esperanças.
Hoje, esse momento é somente meu.
Quero o silêncio de cidade pequena,
adormecer à beira do meu rio
e conversar com ele...
Eu, mulher,
quiz fazer dos sentimentos
o som que o rio Paraíba deixou preso
mansamente nos meus ouvidos
e procurei viver com a mesma paz
com que ele me embalava
o sono magoado...
Percebo nas minhas imperfeições,
que pouco consegui,
do que o rio me ensinou.
Mas, dizem
que às vezes ele fica enfurecido,
causa danos e machuca as pessoas.
Eu entendo. Também sou assim:
Horas de agitação
e outras de mais tranquilidade.
Só que o destino do meu rio
é a imensidão do mar
e o meu destino é o inesperado.
Minha chegada final,
só a Deus pertence saber!
Blog de Arethuza Viana (autora do poema),
Radialista em Arapiraca - Alagoas:
http://doceamor1.zip.net
Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.