Apanhado Parcial

Euna Britto de Oliveira

Não é de hoje que escrevo...
Às vezes, escrevo bonito,
Eu mesma acho,
Sem saber o que há por baixo,
Só pode ser a Graça de Deus.
Mas nunca levava a sério.
Nunca estudei a sério
Versificação
Nem métrica,
Nem gostaria de aprender.
Pensava que poesia, pra ser Poesia,
Tinha que ser sempre formal,
Clássica.
Mas não.
Os versos podem ser livres
Como quem pula do trampolim de uma piscina!...
Como eu mesma já saltei!

A carne é fraca.
A carne só é muita coisa com o espírito forte,
Com o Espírito Santo!
Aí, ela agüenta sustentar a vida
Na Alegria e na Sorte.
Estou abismada com as Almas,
Com o tanto que elas ajudam!
Foi o jeito ficar devota.
Agora, é assim:
O Divino Espírito Santo
Os Sagrados Corações de Jesus e de Maria, Nossa Senhora
Meu Anjo de Guarda
São Miguel Arcanjo
Santo Antônio de Lisboa e Pádua
Sta. Terezinha do Menino Jesus e da Sagrada Face
E as Almas Benditas, sábias e entendidas, as Santas Almas do Purgatório.
Espiritualmente, estou muito bem servida de Protetores,
De Proteção!
Não adianta querer invocar Todos os Santos, um por um,
Porque não dou conta.
São incontáveis!!!...

Estou dispensada de ficar 40 anos de joelhos,
De nunca mais me olhar em espelhos
Deitar em pontas de pregos,
De sacrifícios...
Mas não estou dispensada de
Agradecer a Deus pela tão grande sorte de cada dia conhecê-lo
Um pouquinho mais!...
São Franciso de Assis disse isto antes de mim:
Bom dia, Sol!
Bom dia, Chuva!...
Só que ele dizia – “Irmão Sol, Irmã Lua...”
Uma sobrinha de Murilo Mendes, Escritor e Poeta mineiro,
É minha colega de trabalho
E me traz sementes de salsa,
E noticias frescas, de graça!...
Reclama, mas afia as pontas de meus lápis de taquigrafia!
Acha mais vantagem ser gente de Onofre Mendes,
Desembargador morto, mortal,
Do que de Murilo Mendes, imortal.
Todos da mesma família...

O Pai de Jorge Amado, Gileno Amado, era um dos amigos de meu avô,
Inclusive, amigos de farra...
Os dois eram Coronéis, daqueles de antigamente,
E havia outros, do grupo deles...
Não estou dispensada de ser humilde,
E a cidade de Ilhéus, se recuar no tempo,
Vai ver que estou falando a verdade.
Pra competir com minha colega,
De família de Poeta e Desembargador,
Tenho de me valer do senhor, meu Avô!

Os gênios viveram entre o povo
E isso acontece muitas vezes de novo.

Não estou dispensada de ter o corpo fechado e o coração aberto,
De viver entre os homens e me energizar no deserto.
Não tenho de dizer tudo que penso
Por causa das palavras vãs..
Por hoje, é só.
O restante fica para os próximos amanhãs...
Valeu, Muriel!
Quero me encontrar sempre com você,
Ontem, hoje e no céu!...
Mas
Nesse último
É sem pressa!
Em escrita normal,
Anote isto no papel.

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BH - Escrito em 1987
Transcrito em 26 de junho de 2006
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Ofereço este poema a meu avô materno, JOÃO TORRES COSTA, "in memoriam".
E à querida e inesquecível amiga e ex-colega de taquigrafia,
MURIEL LÚCIA GONZAGA QUITES,
Amiga pra ninguém botar defeito!
Mãe – nem se fala!!!...
Uma das pessoas mais "Gente" que conheço!

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.