Clarividência

Euna Britto de Oliveira

Meço as distâncias e a força.
Gostaria de ser vidente,
Mas não sou.
Na verdade, eu o sou,
Mas apenas um pouquinho!...
Um
Pouquinho
Só!
Melhor dizendo,
Clarividente!
Eu leio números,
Leio a casa descascada,
Leio as cascas desprezadas, das cigarras...
Não leio as linhas das mãos,
Mas leio os calos das mãos que trabalham...
Leio cara feia e cara bonita,
Leio desculpas,
Leio segundas-intenções mal disfarçadas;
Algumas vezes, leio má-fé.
Leio fome de alimento no corpo físico,
E fome de amor, no coração e na alma...
Leio fidelidade nos homens fiéis;
Leio ágios,
Pedágios,
Presságios;
Leio cartas dos amigos,
Mas não leio as do baralho.
Leio e-mails, revistas, jornais...
Leio uns sempres e uns jamais...
Leio fogo de lenha seca
E fumaça de lenha verde ou molhada...
Leio perigo na encruzilhada,
Leio dor na face de mãe que vê faca pra o filho apontada!
Leio amor em cada noite estrelada!...

Eu levo a crise da criatura inacabada...

Belo Horizonte, 1992

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.