Deslocamento

Euna Britto de Oliveira

Canteiro de papiros:
Retas, eretas, as hastes!!!
Cada uma com sua cabeleira verde,
terminantemente bela e natural!...

Distrações, infrações,
multas de trânsito,
e suspiros...
Muitas vírgulas estão sendo desenhadas, digitadas,
neste exato momento no mundo, inclusive estas que separam
nossos nomes, nossos passos, nossas fomes...
Espaços.
Esparsos, os homens...
Dói-me o sentimento de ausência de paraíso.
Flores de vários tipos cujos nomes desconheço
enfeitam esses cantos, esses recantos, esses canteiros...

Descubro hortênsias nas dependências do ser,
e independências do ser nas rosas
e nas anêmonas que nascem no fundo do mar...
Nem o gigante, nem Davi estão por aqui.
Davi venceu o gigante,
mas isso foi há muito, muito tempo!...

Decerto as praças foram feitas com a melhor das intenções,
para reunir e divertir os homens,
mas nessa em que me encontro não há crianças,
nem casais de namorados,
nem multidão,
nem mutirão,
nem mesmo Madalenas para serem apedrejadas...
Só eu,
no centro dessa praça bem cuidada,
registrando o meio-dia de um sábado.

Sol intenso!
Penso.
Paraíso não é só o lugar,
é o sentimento também!
Depende do dia, depende da companhia...
De tantas coisas dependem os sentimentos!...
O sentimento de prejuízo ou o de paraíso...
Somos só campos de testes de sentimentos
que detestam, que contestam, que devoram...
E de sentimentos que reconhecem,
que agradecem,
que adoram!...
Inferno e paraíso misturados...
Purgatório.

O céu ainda não é aqui.
Temos de ganhá-lo!
E ganharemos!...

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.