A Um Estranho...

Euna Britto de Oliveira

"Nas escamas de um peixe de estanho
li lábios novos chamando."
(Maiakóvsky)






Estranho, estranho, estranho...
Se estou ganhando o poema,
Tenho mais é que aceitá-lo!
Sou dócil à inspiração,
Ao Verbo...

Estranho como
Uma criança sem dono
Um pássaro sem asas
Uma moça sem amor
Um sinal de trânsito fechado ou estragado
Na hora de maior dor!...
Estranha é a necessidade de nascer
Para depois morrer...
Ou vice-versa!...

Estranho como o busto de um estrangeiro
No meu terreiro...
Um busto de
De bronze
De ferro
De estanho
De éter...

Estranho sentimento.
Não sei o que me aguarda.
Só sei que a Graça de Deus me guarda!
Nada a temer.
Nem tudo que faz tremer é ruim.
Tremem de medo
De frio
De febre...
Nada disso é bom.
Mas certos estremecimentos
São excelentes!...
Como os de certos momentos na vida da gente!
Cristãos ou gentios,
Todos sabem do que estou falando.
Isto mesmo:
Estou falando do amor,
Este que ninguém estranha...
E, quando menos se espera,
Apanha-nos!...

Belo Horizonte, 13/04/2006
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Ilustração: Foto de um conjunto de esculturas
na Praça da Liberdade - Belo Horizonte - MG - Brasil

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.