Uína

Euna Britto de Oliveira

Uína, menina de sonho...
Não sabemos o que vem no vento.
Poeira, saúde, saudade,
Restos de fogueiras, rastros de abelhas,
Radioatividade...

Não sabemos o que o vento traz.
Avisos, perguntas, imagens,
Palavras de outros tempos, de outros cantos,
Sons de cachoeiras,
Feitiços, enguiços,
Chamados, choro de passistas,
Chuviscos...

Atávica, baiana-mineira, minha família, bagagem brasileira.
Volto de qualquer país
Sem nada.
Montada apenas no leve pano da bandeira
Recostada num raio de sol
Rastreando o último discurso
Proferido no mundo,
Meu preferido,
O que não vou taquigrafar...

Que coisa boa é voltar
Do trabalho
Mais cedo
Hoje
Pra casa!


A frente fria chega e me encontra vazia.
Vícios seculares me espreitam.
Deita-se
Sozinho
Atrás das montanhas,
Dando “tchau” às nuvens,
O sol!
Certos moribundos são os fregueses dos bordéis de outrora...
Os marimbondos, os bondes,
Os futuros convites para o vôo e o gol...
Sinto vontade de andar descalça...


As coisas escorregam lentamente
pela vida
E pela fronte
dessa gente...
O menino que nasceu dia 1º do ano
Mostra o 1º dente!
Creio em Deus.
Em quem mais
Eu poderia crer
Tão tranqüila,
Tão serena,
Tão segura,
Tão completamente?

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Belo Horizonte, 14/10/1987

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.