AQUELES OLHOS

CELESTE AÍDA DE ASSIS FOUREAUX

Aqueles olhos...

Que há tanto tempo atrás
Olhavam-me com ternura
Eram olhos de rapaz
Eram olhos sem agrura

Esses mesmos olhos verdes
Seguiam-me sem eu saber
Escondidos atrás de paredes
Onde eu não pudesse ver

Um dia, eu os descobri...
E deixei que me olhassem
Fui feliz, amei, sorri...
Até que eles se cansassem.

E se cansaram de vez,
Com o tempo passando depressa
A vida virou um talvez...
Onde nada mais interessa!

E aqueles olhos de outras eras,
Foram a passear pelo mundo
Atrás de outras quimeras.
E os meus, num abandono profundo!


Olhares de ultimamente,
Eram descontentamento,
E pude ver claramente
Que tudo se perdeu com o vento!

Vento do passado distante,
Veio trazendo o presente
E não esperou um instante
O futuro, atrasado, indolente.

E aí, não houve futuro,
Que se desfez no caminho
E eu fiquei no escuro
A oferecer meu carinho.

Com cuidado fui levando,
O que restou daquele olhar
Fui ninando, acalentando,
Até não dar mais pra enxergar.

Mas antes do nada, uma tarde,
Os olhos se voltaram pra mim,
Quase sem palavras, nem alarde,
Pediram perdão e foi o fim.

Mas um fim que não era adeus,
Pois os catei com muito tato
E entreguei na mão de Deus,
Para dar a alguém, depois de um trato.

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Barbacena, 06/03/2006

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Sinceros agradecimentos pela preservação da Autoria.